Eles já foram muito utilizados nas décadas de 60 e 70 na época em que fazendeiros e trabalhadores rurais usavam o chapéu para se protegerem do sol. Nos dias de hoje ainda é possível encontrar o antigo e resistente produto artesanal feita de indaiá. Dona Rosalina e a família dela trabalham há anos na confecção de chapéus
Por ser a chapeleira mais idosa, 71 anos, a arte de confeccionar os chapéus é ensinada pelas experientes mãos de dona Rosalina que orienta os seis filhos e netos. Douglas tem 24 anos e é responsável pela primeira parte do trabalho, que é a retirada das folhas dos pés de Indaiá, plantados na área da chácara da família. “Seleciono as melhores folhas porque a matéria-prima tem de ser de boa qualidade. A palha do indaiá é uma espécie de coqueiro nativo da região e o fruto desse coqueiro parece com o coco da Bahia”, explica Douglas. A palha é feita com o guia do coqueiro, o primeiro broto da planta.
Daí pra frente o trabalho é de dona Rosalina que começou a fazer chapéus aos sete anos de idade. No fogão a lenha ela põem as folhas para cozinhar, depois do cozimento e secas as folhas são devidamente desfiadas; colocadas numa caixa com enxofre e depois trançadas. O processo pode levar até cinco dias. Helena é uma das quatro filhas de Dona Rosalina e ela conta que a diversão durante o dia é fazer chapéus e com a venda dos produtos consegue ajudar nas contas da casa.
Dona Rosalina não esconde a paixão pelo que faz: “quando estou fazendo chapéus e trançando fico mais feliz e estou perto de toda a minha família”. Se depender dela a tradição não vai acabar - aprendi com minha mãe, ensinei minhas filhas e minhas netas já sabem fazer chapéus de palha.
Como todo trabalho artezanal, os chapéus não dão muito retorno financeiro. Segundo dona Rosalina, como a venda é feita por atravessadores, a margem de lucro é pequena. “Os atravessadores pagam cerca de 20 reais em uma dúzia de chapéus e ganham quase cem por cento com a revenda”, lamenta. De acordo com a Associação das Chapeleiras existem aproximadamente duas mil chapeleiras em toda a região do Vale do Aço. Sendo que a maioria sobrevive indiretamente da produção.
A associação paga em uma dúzia de chapéus cerca de 35 reais que são vendidos em encontros e feiras de artesanato da região. Para o presidente do Patrimônio Histórico e Cultural de Antônio Dias, a organização das chapeleiras para tentar conseguir um melhor faturamento é fundamental. Mas, segundo ele, a principal preocupação tem sido manter a cultura das chapeleiras no Vale do Aço.
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