sábado, 14 de junho de 2008

O Espetáculo de todos - Protagonistas do palco e da vida



Por Priscila Brandão

Os olhos brilham quando falam sobre a profissão, chega a arrepiar quem presencia a cena. Amor, prazer, tesão, satisfação garantida de exercer um trabalho não muito reconhecido, mas maravilhoso de se ver em cena. Os protagonistas deste espetáculo são Jefferson e Thiago, personagens comuns da vida real, mas, com um diferencial. Eles transmitem arte com encenações da vida.
Há quatro anos a cidade de Ipatinga “ganhou” mais um grupo de teatro. Com 25 anos de vida e oito de carreira o ator Jefferson Cirino, juntamente com o também ator e bailarino João Carlos Cardoso, fundaram a “Cia. Bruta de Teatro.” O grupo é formado por quatro profissionais, entre eles, Thiago Vaz, de 24 anos, que há três trabalha como profissional e diz não saber mais viver sem a arte.
A Companhia estreou com a peça “Deus e o Diabo no caminho do Sol” e se apresenta não só no Vale do Aço como também em outras regiões do país. O objetivo do grupo não é o de profissionalizar atores, por isso além dos integrantes fixos, somente atores profissionais são convidados para fazer um espetáculo. Segundo o diretor da companhia, Jefferson Cirino, a cultura no Vale do Aço tem sido valorizada consideravelmente, sendo possível encontrar grupos e oficinas de arte, além de atores qualificados.
Geralmente, o reconhecimento do trabalho de um ator é demorado e difícil. Os personagens desta história afirmam que passaram por muitas dificuldades e obstáculos para conquistarem um lugarzinho ao Sol. “Comecei varrendo palco, trocava cenário, fazia suco para as atrizes e hoje trabalho com elas. É inacreditável”, diz Jefferson. Mas mesmo quando o trabalho é reconhecido, segundo os atores, ainda sim é uma luta diária viver só de teatro, principalmente, no Brasil. Ter o reconhecimento por parte do público não é nada fácil, mas eles garantem que vale a pena tentar.
“Fui escolhido” - é assim que Cirino e Vaz definem como ingressaram nesse “mundo fictício da vida real”. Para eles, a arte foi quem os escolheu e não eles que escolheram a arte. “Tenho certeza que fui escolhido. O teatro é algo que vem de dentro pra fora, é a essência da alma”, ressalta Thiago. Ele acrescenta que o mais importante é aprender a viver a vida, apreciar a arte, valorizar o que é belo e, acima de tudo, procurar fazer o que proporciona prazer. “Eu sou aquilo que vivo”, completa.
Os dois jovens caíram de pára-quedas na profissão. De acordo com Jefferson Cirino, além do prazer de trabalhar com o que gosta, melhor ainda é saber que ele não precisa mais lidar com a relação patrão/empregado. Para ele, “o teatro é um maravilhoso exercício de mutação que permite mudanças contínuas, a vivência de momentos, de diferentes situações e recriações da vida”.

Uma dúvida cruel: a vida imita a arte ou a arte imita a vida? Como disse uma vez o grande Charles Chaplin: “A vida é uma peça de teatro que não permite ensaios. Por isso, cante, chore, dance, ria e viva intensamente, antes que a cortina se feche e a peça termine sem aplausos.”

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